Estamos no meio de uma epidemia de Autismo?

1 para 2500. Essa era a chance de uma criança desenvolver autismo em 1993. Estudos mais recentes revelam que a proporção subiu bastante em 2020, 1 para 36, ou seja, quase 3% das crianças. Num período de 27 anos – 1993 a 2020 – as estatísticas do Departamento de Educação dos EUA revelaram um aumento de 7500 por cento na taxa nacional de autismo.

Não é de surpreender que esse aumento exponencial tenha levado muitos investigadores e educadores a referirem-se a uma epidemia de autismo.

O autismo é um transtorno grave que se manifesta pela primeira vez na infância. Indivíduos com autismo são caracterizados por problemas com a linguagem, vínculos sociais e imaginação. Todos sofrem de déficits sérios de comunicação, e alguns são não verbais. Eles não estabelecem relações próximas com os outros, preferindo permanecer em seus próprios mundos mentais.

Eles se envolvem em atividades altamente estereotipadas e repetitivas, apresentando uma aversão marcante à mudança. Cerca de dois terços dos indivíduos autistas são portadores de deficiência mental. Por razões desconhecidas, a maioria é do sexo masculino.
As causas do autismo permanecem enigmáticas, embora estudos com gêmeos sugiram que fatores genéticos desempenham um papel proeminente. Ainda assim, influências genéticas por si só não podem explicar um aumento tão rápido e astronômico na prevalência de um transtorno ao longo de apenas alguns anos.

O Aumento dos Casos de Autismo: Uma Realidade ou Falsa Impressão?

Avanços na medicina, diagnósticos mais precisos e uma compreensão mais ampla do espectro autista contribuíram para uma identificação mais eficiente dos casos, e isso certamente contribui para o aumento global na prevalência que temos observado.

No entanto, isso não descarta a possibilidade de um aumento real na incidência de autismo. Estudos recentes sugerem que fatores ambientais e genéticos podem desempenhar um papel significativo nesse aumento. A exposição a certos produtos químicos, poluentes e substâncias tóxicas durante a gravidez e nos primeiros anos de vida pode aumentar o risco de desenvolvimento do autismo em algumas crianças.

As vacinas são o problema?

Apesar de toda a incerteza a respeito do tema, um culpado ambiental tem recebido grande parte da atenção: as vacinas.
À primeira vista essa hipótese não parece ser tão absurda. Os sintomas do autismo normalmente tornam-se aparentes logo após os dois anos de idade, não muito depois de os bebês terem recebido vacinas contra uma série de doenças. Durante algum tempo essa teoria teve, inclusive, um certo embasamento científico. Um estudo publicado na Lancet em 1998, liderado pelo médico Andrew Wakefield, identificou uma possível associação com o autismo.

No entanto, descobriu-se posteriormente que Wakefield manipulou dados e conduziu pesquisas inadequadas. A comunidade científica refutou veementemente essas alegações, e o estudo foi retirado em 2010 devido a irregularidades éticas e científicas.

Vacinas não são perfeitas e seus efeitos colaterais devem sim ser estudados, mas é importante dizer que atualmente nenhum órgão científico respeitável aceita a associação entre autismo e vacinação e que nenhum estudo confiável publicado até hoje observou algo nesse sentido.

O que pode estar por trás do aumento dos casos de autismo?

As causas do autismo ainda não são totalmente compreendidas, mas acredita-se que sejam resultado de uma combinação de fatores genéticos e ambientais. Do ponto de vista genético, cada vez mais se descobrem associações entre regiões específicas do DNA e predisposição para autismo. Cerca de 30% dos casos de autismo apresentam alterações genéticas identificáveis nos exames atuais ao passo que a herdabilidade do autismo é estimada entre 60 e 90% o que sugere que ainda há muita coisa a ser descoberta.

Além disso existe cada vez mais evidência de que fatores sociais e estilo de vida podem estar associados ao aumento dos casos.

O uso excessivo de telas e dispositivos eletrônicos por crianças pequenas, por exemplo, é um dos fatores que pode interferir no desenvolvimento social e da comunicação, aumentando o risco de TEA. Outros fatores como estresse materno, sedentarismo, dieta inadequada e uso de medicamentos durante a gestação, também podem estar associados. Idade paterna avançada também é um fator que está sendo implicado, e cada vez mais as pessoas tem filhos tarde.

Estudo Genético e Qualidade de Vida dos Pacientes Autistas

O estudo genético desempenha um papel fundamental no entendimento do autismo e no desenvolvimento de intervenções personalizadas para pacientes. Com o avanço da tecnologia genômica, os pesquisadores estão identificando cada vez mais variantes genéticas associadas ao autismo, o que pode levar a terapias mais direcionadas e eficazes.

Além disso, a compreensão das bases genéticas do autismo pode ajudar na identificação precoce, permitindo intervenções precoces e personalizadas que melhorem significativamente a qualidade de vida dos pacientes. Terapias comportamentais, educacionais e médicas adaptadas às necessidades individuais de cada pessoa autista podem ser desenvolvidas com base em sua constituição genética específica.

Compartilhe esta publicação:

Relacionados

Abrir bate-papo
Olá 👋
Podemos ajudá-lo?